





Conclave: em busca do novo Papa
Drama (2024)
O dia 21 de abril de 2025 ficará marcado na história da Igreja Católica e nos corações de milhões de fiéis ao redor do mundo. A notícia da morte do Papa Francisco, embora estivesse em evidência de acontecer, surpreendeu porque havia esperança da melhora da abalada saúde do pontífice, devido a alta hospitalar depois dias internado.
Neste momento de luto e reflexão, é natural que os olhares se voltem para o processo de sucessão papal e para as complexidades que envolvem a escolha de um novo líder para a Igreja. Vem à tona també, o interesse em duas obras cinematográficas que exploram, de maneiras distintas, os bastidores e as dinâmicas do Vaticano: “Conclave” e “Dois Papas”.
“Conclave”: O Suspense nos Corredores do Poder Eclesiástico
Lançado em 2024, o filme “Conclave” mergulha no tenso e secreto processo de eleição de um novo Papa após a morte do pontífice anterior. A narrativa ficcional nos transporta para dentro da Capela Sistina, onde cardeais de diferentes origens e ideologias se reúnem para deliberar e, sob o olhar atento do Espírito Santo (e as complexas manobras políticas), escolher o próximo líder da Igreja Católica.
A obra, foi indicado a oito Oscars e conquistou o Oscar de melhor roteiro adaptado e é inspirada no livro homônimo de Robert Harris, habilmente entrelaça fatos reais com elementos de ficção para narrar a eleição papal. Mas, afinal, o que na tela corresponde à realidade e onde a licença criativa assume o controle?
É fato, como retratado no filme, que o procedimento do conclave é real: os cardeais se reúnem na Capela Sistina, depositam seus votos em cédulas, e o resultado é sinalizado pela fumaça – preta em caso de insucesso, branca quando um novo Papa é eleito. O isolamento dos cardeais durante este período também é uma prática autêntica. Contudo, conforme observou o professor de história Piotr H. Kosicki ao “New York Times”, todos os rituais no Vaticano são conduzidos estritamente em italiano ou latim.
Outro ponto de convergência com a realidade é a representação das tensões políticas dentro da Igreja. O filme acerta ao expor as divisões ideológicas entre os cardeais, um aspecto comum nas eleições papais, onde frequentemente se observam disputas entre alas conservadoras e progressistas. O reverendo Thomas Reese, em entrevista à rádio americana NPR, ponderou que “mesmo entre pessoas de boa vontade que trabalham pelo bem da Igreja, desentendimentos ocorrem. Isso é humano e normal”. Adicionalmente, o clima de segredo e introspecção que permeia o conclave, com sua atmosfera de tensão, silêncio e ritualismo, reflete fielmente o ambiente real.
Por outro lado, a narrativa de “Conclave” também se permite desvios da realidade para fins dramáticos. A participação de um cardeal “in pectore” no conclave, um elemento central da trama, é uma invenção. Na prática, tal participação só seria possível se o Papa tivesse revelado o nome do cardeal secreto antes de sua morte, o que não acontece na história do filme. Da mesma forma, as reviravoltas dramáticas e revelações pessoais, incluindo segredos explosivos, tensões cinematográficas e até mesmo ameaças físicas entre os cardeais, são recursos ficcionais destinados a intensificar a narrativa.
Curiosamente, este momento solene coincide com um renovado interesse também em outra obra cinematográfica que explora as dinâmicas do Vaticano, embora sob uma perspectiva diferente: “Dois Papas”.
“Dois Papas”: Um Diálogo Histórico e Humano.
Já o aclamado “Dois Papas”, lançado em 2019, oferece uma perspectiva mais íntima e histórica sobre a transição de poder entre o Papa Bento XVI (interpretado magistralmente por Anthony Hopkins) e o então Cardeal Jorge Mario Bergoglio, que viria a se tornar o Papa Francisco (vivido com sensibilidade por Jonathan Pryce).
O filme, baseado em fatos reais, explora os encontros e as conversas profundas entre os dois homens, abordando temas como fé, tradição, modernidade e o futuro da Igreja. A renúncia de Bento XVI e a ascensão de Francisco são retratadas com nuances e humanidade, revelando as complexidades e os desafios enfrentados pela liderança da Igreja no século XXI.


Diante da vacância do trono papal em 2025, “Dois Papas” ganha uma nova relevância. Ele nos convida a refletir sobre a natureza da liderança, a importância do diálogo e a coragem necessária para tomar decisões que impactam milhões de pessoas. A dinâmica entre um Papa mais conservador e um futuro Papa com uma visão pastoral renovada oferece um rico material para análise e compreensão do momento atual.
Do Cinema para a Realidade: Uma Busca por Compreensão.
Neste período de luto e expectativa, revisitar ou descobrir “Conclave” e “Dois Papas” pode ser uma experiência enriquecedora. Embora cada filme ofereça uma perspectiva diferente – um focando no suspense da eleição e o outro na relação entre dois líderes – ambos nos ajudam a contextualizar a importância do papado e a complexidade do processo de escolha de um novo Papa.
Enquanto a Igreja Católica se prepara para um novo conclave e o mundo aguarda com atenção o nome do sucessor, estas obras cinematográficas nos lembram da humanidade por trás da figura papal e da profunda responsabilidade que recai sobre os ombros daquele que guiará os destinos de uma das maiores instituições do mundo. Que este período de transição seja marcado pela sabedoria, pela oração e pela esperança em um futuro promissor para a Igreja.
Veja onde assistir o filme “Conclave” e “Dois Papas”no site Just Watch.